sexta-feira, 18 de março de 2011

Schopenhauer e o Amor


"O amor é o objetivo último de quase toda preocupação humana; é por isso que ele influencia nos assuntos mais relevantes, interrompe as tarefas mais sérias e por vezes desorienta as cabeças mais geniais"

(Arthur Schopenhauer)
Todos teorizamos sobre a felicidade que o amor nos trará [...] A maioria faz da busca pelo amor a meta de sua vida.

Ele pensava que estávamos certos em viver em função do amor, e que não havia outra coisa mais importante. Nosso erro, segundo ele, era pensar que a felicidade tinha a ver com isso.

Ele nunca se casou, vivia sozinho e, às vezes, mostrava-se bastante avesso às mulheres. Desde cedo, ele buscou a felicidade no amor. Era inteligente, seguro, bonito, rico. Mas não fazia sucesso com as mulheres.

Como um filósofo com uma vida romântica desastrosa poderia ter algo a nos dizer sobre o amor?

Para começar, ele dizia que o amor não é um assunto banal, que não devemos vê-lo como distração de assuntos mais sérios ou adultos.

Não é por acaso que se trata de um sentimento tão avassalador, capaz de tomar conta de nossa vida e de todos os momentos de nosso dia.

Schopenhauer diz que não devemos nos culpar tanto pelo estado de desespero e obsessão em que entramos se o amor fracassa.

Ficar surpreso com a dor da rejeição é ignorar o quanto de entrega a aceitação exigiria.

Por que nos apaixonamos por quem nos apaixonamos?

Inúmeras pessoas não provocam qualquer reação em nós mesmo sendo, em tese, nossos pares ideais. E acabamos nos apaixonando por outras com quem a convivência pode ser difícil.

Schopenhauer tinha uma resposta: apaixonamo-nos por uma pessoa quando sentimos, inconscientemente, que ela pode nos ajudar a produzir herdeiros saudáveis.

Ele nos diz que se apaixonar é inevitável, que a biologia é mais forte que a razão.

Assim, não somos infelizes por mero acidente. Essencialmente, somos iguais a todos os outros animais: sentimo-nos impelidos a encontrar um parceiro, a gerar filhos e criá-los, e somente uma força poderosa como o amor seria capaz de nos
motivar para isso.

Schopenhauer tem mais uma idéia a respeito do amor que pode nos ajudar quando somos rejeitados: muitas vezes, não entendemos por que o parceiro quis romper e nos sentimos rejeitados.

Schopenhauer diz que quem termina o namoro não está rejeitando o parceiro. Não sou eu que não mereço o amor, mas é o impulso de vida de minha parceira que considerou que ela poderá ter filhos mais saudáveis com outro!

Encontrarei outra mulher que me considere o parceiro ideal [...]

Talvez você estivesse feliz com a pessoa que o rejeitou, mas a natureza não estava. Por isso, vai ter de aprender a se desapegar.

Nesse nível, a coisa é muito animal. E nós não devemos levar para o lado pessoal.

Schopenhauer convida-nos a assumir um ponto de vista diferente, e considerar que a felicidade não está em questão.

Ele não queria nos deixar deprimidos, mas nos libertar das expectativas que podem acabar gerando frustrações.

É um alento, se o amor nos trouxe tristeza, ouvir que a felicidade não fazia parte da equação inicial.

Às vezes, os pensadores mais pessimistas, paradoxalmente, podem ser os mais consoladores.

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